Os fios da vida das mulheres jaguar

Flor Alvarez Medrano | 21" | 2014

ATÉ 31 — AGOSTO

SINOPSE

Curta metragem sobre violência feminina entre indígenas. As diferentes facetas da violência são um dos fios que tecem a vida das mulheres maias que marcou as cores e o desenho de suas vidas, mas a intensidade da energia feminina (Ix, jaguar) as deu força e sabedoria para seguir vivendo e apagar algumas páginas escritas. É preciso eliminar a violência como uma das tramas históricas da vida dessas mulheres, é preciso apaga-la para que as mulheres das novas gerações, os povos e a humanidade tenham plenitude.

COMENTÁRIO

Flor de María Álvarez Medrano nasceu em Santa Cruz del Quiché, em Quiché, Guatemala, e é de origem Maya k’iche’. Formada como terapeuta social, trabalha no grupo de Mujeres Mayas KAQLA apoiando o processo de fortalecimento da missão de vida e a criação de conhecimentos. “Flor Medrano afirma que o processo fílmico, a realização de imagens é sañadora, curativa, e utiliza as oficinas audiovisuais que ministra com mulheres indígenas na América Latina como um vetor de conexão entre o espiritual e o corpo: “fazer cinema é também sentir o nosso corpo. Antes das filmagens entramos em um estado meditativo, sentimos cada parte do nosso corpo, ativamos nosso corpo como aparato de escuta e recepção. Pensamos nos traumas e o deixamos ir. Temos nosso tempo, quando começaram a dar oficinas de cinema para nós, exigiam que começássemos a filmar logo cedo, sem pausa, com um ritmo acelerado, sem respiro. Tivemos que conversar e dizer que não íamos nos encaixar nesse tempo. Precisamos de pausa, de descanso e de ativar a conexão entre nós – que estamos filmando – nosso corpo e a câmera. Precisamos desses processos pois nossa relação com a câmera não é descolada do nosso sentir.” (…) Nesta obra, a montagem em transição é como os fios que tecem a vida, a natureza, entremeia a cura, a relação da mulher com a terra e seu corpo. No decorrer de todo o filme, as cenas de violência e dor são transicionadas por imagens de libertação e serenidade. Nesta virada do curta, imagens das mulheres em relação à natureza (plantas, terra e água) ficam mais pujantes, se derraram na tela. É o possível perceber o filme mais iluminado e com planos mais abertos, as personagens aparecem sorrindo. Ao final, cartelas salientam os fios que tramam as vidas dessas mulheres com a ancestralidade e a espiritualidade, dando a tônica da conexão desses corpos com a câmera e o processo curativo que foi ali vivenciado”.